A falta de tempo não é desculpa para você não ter uma atividade relaxante depois de um dia de trabalho.
Se você é do tipo que alega não dispor de um minuto livre para atividades que nem de longe lembrem suas tarefas profissionais ou seus afazeres domésticos, saiba que sua chance de desenvolver o stress e todos os problemas que ele acarreta é maior que a das pessoas que têm um hobby. Saiba, também, que encontrar tempo para uma ocupação capaz de desviar sua atenção das preocupações com o trabalho é uma questão de definir prioridades. O banqueiro Edemar Cid Ferreira, dono do Banco Santos, de São Paulo, reserva pelo menos uma hora do dia para cuidar de sua coleção de documentos raros. A dentista Solange Barbosa Venturi, do Rio de Janeiro, utiliza parte do tempo para pintar quadros. Ao se dedicar a esses afazeres sem descuidar de suas obrigações, eles quebram a rotina do dia, aliviam as tensões e (como um argumento para sensibilizar aqueles que consideram o trabalho a única coisa que interessa) aumentam a disposição para encarar as tarefas profissionais. "O organismo humano pode ser comparado a um carro", diz a médica Alexandrina Meleiro, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo. "Colocá-lo para trabalhar durante horas seguidas todos os dias da semana pode provocar superaquecimento e diminuir a vida útil do motor ” .
Nosso organismo é dotado de mecanismos adaptativos, nos quais todos os órgãos e tecidos exercem funções que ajudam a manter as condições do organismo, como um todo estável. Nosso organismo possui uma capacidade de equilíbrio que mantém suas condições estáticas, ou constantes, no meio interno.
O hipotálamo é a área do sistema nervoso central que tem sob sua responsabilidade várias funções que são básicas para a manutenção e sobrevivência do organismo. Através do sistema nervoso autônomo e do sistema endócrino, o hipotálamo promove uma série de mudanças orgânicas necessárias para a conservação do equilíbrio durante estados de grande atividade física e/ou mental e através de mecanismos próprios, como o mecanismo da fome, da sede e da regulação térmica corporal, produz subsídios que possibilitam o funcionamento integrado, mantendo a harmonia orgânica durante todo o período em que o indivíduo estiver sob a influência do que lhe causa estresse. O funcionamento global do hipotálamo é o grande responsável pela gênese das condições orgânicas para que o sujeito "estressado" possa, dentro de certos limites, se adaptarem e superar as mudanças responsáveis pelo estresse.
Todo tipo de questionamento relacionado com a situação que se apresenta (estressora) está acontecendo no cérebro e todas as estruturas ligadas a ele estão sofrendo a influência da ansiedade, do desconforto, da insegurança, geradas no seu interior. A isso se deve a grande responsabilidade do hipotálamo nos estados de estresse em suprir o cérebro com todos os elementos necessários para a sua importante atividade, não deixando de lado as necessidades globais do organismo, principalmente nos casos de estresse físico, onde a restauração tecidual é o marco das necessidades.
O estado de estresse implica numa necessidade aumentada de energia, porque se caracteriza uma grande atividade a nível de sistema neuro-muscular e demais tecido. Um aumento basal do tônus muscular esquelético surge logo de início, dada à ação das catecolaminas, preparando o indivíduo para possíveis atividades físicas, o que equivale a manter um estado de alerta. Assim, o organismo precisa de um nível aumentado de glicose, pois o sistema nervoso é dependente direto da glicose sangüínea, e outros nutrientes como aminoácidos, sais e vitaminas, indispensáveis para sustentar o aumento da atividade.
Podemos considerar o estresse como um grau de desgaste do corpo, como um todo. Assim, a estreita relação entre o envelhecimento e o estresse torna-se evidente. O estresse é a soma de todo o desgaste causado por qualquer tipo de reação vital através do corpo, a qualquer momento. Por isso ele é uma espécie de velocímetro da vida.
Portanto, a verdadeira idade (não a cronológica, mas a fisiológica) depende muito do grau de desgaste, do ritmo do autodesgaste. A vitalidade é como um tipo especial de depósito bancário que você pode usar para fazerem retiradas, mas não para fazer depósitos. O único controle sobre essa fortuna é o ritmo com que você faz suas retiradas. A solução evidentemente, não é suspender as retiradas, pois isso resultaria na morte. Nem é retirar apenas o suficiente para a sobrevivência, pois isso permitiria somente uma vida vegetativa. O processo inteligente é gastar convenientemente a vitalidade, mas nunca maltratar.
Muitas pessoas pensam que, depois de se terem exposto a atividades que resultam em grande estresse, um repouso pode fazer com que se restabeleçam completamente suas condições. Isto, porém é falso, uma vez que cada experiência deixa uma cicatriz indelével, pois ela exige tanta adaptabilidade forçando o organismo como um todo até o nível de exaustão, que não podem ser restabelecidas. É verdade que após certas experiências exaustivas, o repouso pode fazer com que voltemos quase às condições anteriores, pela eliminação da fadiga mais grave. Mas a ênfase fica no termo quase. Desde que passamos constantemente por períodos de estresse e repouso, através de toda a vida, um pequeno déficit de energia de adaptação vai sendo acumulado dia a dia e resulta no que denominamos envelhecimento.
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